31/05/2023
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Brasil Meio Ambiente

Epidemia de câncer’ entre agricultores do Rio Grande do Sul coloca agrotóxicos em xeque

Epidemia de câncer’ entre agricultores do Rio Grande do Sul coloca agrotóxicos em xeque

 

O Rio Grande do Sul é o estado com maior taxa de mortalidade relacionada ao câncer, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca). O que já era preocupante fica ainda mais assustador quando observamos a incidência da doença na microrregião de Ijuí: a taxa de mortalidade local supera tanto a gaúcha quanto a nacional segundo pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). E a causa do problema pode estar no uso de agrotóxicos, segundo aponta reportagem da BBC.

É difícil negar a relação entre os números de mortes por câncer e o uso dos agrotóxicos: o noroeste gaúcho é campeão nacional no uso das substâncias, segundo o IBGE. Como agravante, muitos dos agricultores são provenientes de populações de baixa renda e possuem pouca informação sobre o manuseio correto das substâncias.

No Brasil, o uso dos defensivos agrícolas aumentou em 155% entre 2002 e 2012, segundo um estudo elaborado pelo IBGE. No período, o uso dos agrotóxicos foi de 2,7 para 6,9 quilos por hectare. Mais preocupante ainda é o fato de que 64,1% destes venenos foram considerados perigosos e 27,7% deles muito perigosos. Descontando estes números, sobram apenas 8,2% de agrotóxicos “fora de risco“. Desde 2009, nosso país detém o desagradável título de líder no consumo destas substâncias.

Mas o que era para estar acabando apenas com as pragas nas plantações também começa a vitimar os agricultores que ganham a vida na lavoura. Mesmo aqueles que não utilizam agrotóxicos também podem ser vítimas dos efeitos nocivos das substâncias utilizadas em propriedades vizinhas, principalmente quando estas são pulverizadas com o uso de aviões.

O agrotóxico mais utilizado no país é o glifosato, fabricado pela Monsanto, que já foi associado ao surgimento de câncer de mama e próstata, além de outros problemas. Para a Organização Mundial de Saúde, a substância é classificada como provavelmente cancerígena.

O problema pode até ser menor para quem vive em grandes cidades, mas ele também está presente nelas. Afinal, os agrotóxicos também chegam até nós através da alimentação e da contaminação da água e do ar. Segundo  pesquisa desenvolvida pela USP, foram registradas 1.186 mortes causadas por intoxicação por agrotóxico de 2007 a 2014 no Brasil – estima-se que o número possa ser até 50 vezes maior devido aos casos não registrados.

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